top of page
Buscar
  • Foto do escritorPET Economia UEM

A Educação Financeira, a pandemia e a reorganização do orçamento familiar

Atualizado: 1 de mai. de 2020

Por: Prof. Me. Antônio Zotarelli

O artigo de hoje é do professor mestre Antônio Zotarelli vinculado ao Departamento de economia da UEM, é também coordenador do Projeto de Extensão Educação Financeira Sustentável: Base da prosperidade, projeto do qual já existe há mais de 13 anos e desenvolve um papel importante para sociedade.

A sociedade mundial está vivendo um momento jamais imaginado com expansão da pandemia do Coronavírus-COVID-19. Uma das estratégias adotadas pelas autoridades de saúde mundial para a conter a expansão do vírus é a chamada quarentena, recomendando que os agentes econômicos fiquem recolhidos num processo denominado “isolamento social - o fique em casa”. A mídia através dos canais de comunicação como televisão, internet e grupos sociais têm veiculado sugestões as mais diversas orientando em como os idosos, adultos e crianças devem se comportar nesse período, que aqui no Brasil já tem duração de um mês. Dicas que ensinam exercícios físicos, leituras, cursos à distância, trabalhos manuais, entretenimento para os filhos, aulas online e atividades para os alunos etc. Esta é uma das faces do isolamento social impondo mudanças de comportamento físico e emocional para as pessoas. E quanto ao comportamento econômico, os reflexos que “o fique em casa” está

provocando em todas as camadas sociais? Micros e pequenas empresas fechando suas portas e dispensando seus colaboradores, quando não fecham contam com possibilidades legais de reduzir salários e ver até onde resistem. De acordo com o IBGE, citado pelo site valorinveste.com.br, existem cerca de trinta e oito milhões de trabalhadores informais e autônomos, sem poder trabalhar não terão demanda para seus serviços e assim por diante.


Resultado: a economia e a sociedade afetadas pela crise, queda no PIB, extinção de postos de trabalho, perda de renda e de arrecadação, além de aumento dos gastos sociais para ajudar a amenizar a crise. Tempo de duração dessa crise? Não se sabe exatamente a dimensão econômica e temporal desta crise, fala-se em três ou quatro meses para a retomada desse processo recessivo.

Diante desse contexto, qual a contribuição da educação financeira aos “isolados socialmente” para amenizar os efeitos financeiros de cada um?

Em primeiro lugar, a Educação Financeira Sustentável reforça a necessidade de duas medidas básicas que as famílias devem adotar, não só em tempos de crises como esta que está se vivendo, como também em momentos de normalidade, válidas para todos os tempos, que uma vez adotadas passarão a se tornar hábitos futuros de comportamentos financeiros saudáveis que contribuirão para o equilíbrio do orçamento familiar e para a formação de patrimônio no longo prazo, que são: a) ter sempre organizado e atualizado um orçamento/planejamento familiar; e b) manter sempre uma reserva de emergência.

Relativamente ao momento que se está vivendo, mesmo não tendo ainda um orçamento, deve-se analisar a realidade atual e elaborar um “diagnóstico da situação familiar”. O nome é pomposo, mas de fácil entendimento. Nada mais do que fazer um levantamento da situação do último mês identificando: o que a família ganha, o que gasta e o resultado (valor ganho menos o valor gasto) que pode ser positivo (superávit) ou negativo (déficit) e ainda, tão importante quanto isso é conhecer detalhadamente o nível de endividamento. Destaca-se a importância de que o controle deve envolver toda família, pois entende-se que família que ganha unida, gasta unida, poupa/investe unida e progride unida.

Com o diagnóstico atual elaborado questiona-se: tem reserva de emergência?

Caso exista uma reserva de emergência, este é o momento de utilizá-la com parcimônia para amenizar a travessia do período de isolamento enquanto a situação não volta ao normal, permitindo que essa reserva de emergência consiga durar um período mais longo possível. Ser bem consciente, conservador e ter bom senso antes de gastá-la, em razão da incerteza e o aperto financeiro que vislumbra no horizonte. A utilização da reserva deve atender prioritariamente as despesas básicas essenciais em alimentação e farmácia que não esperam, precisam ser atendidas, pois para as demais há perspectivas de negociação, suspensão e alongamento de prazos.

Se não existe uma reserva de emergência, a realidade indica que deve ser iniciado um planejamento daqui para a frente, em função da análise de todas as variáveis atuais envolvidas no diagnóstico situacional da família.

Com ou sem reserva de emergência ainda tem a questão da renda futura. Relativamente a esse aspecto do complemento de renda é necessário verificar se há algum enquadramento da situação pessoal/família, em algumas medidas governamentais, amplamente divulgadas na mídia, para receber alguma ajuda durante o isolamento social.

Finalmente a análise deve ater-se aos custos, despesas e dívidas atuais no orçamento. Na verdade, precisa-se buscar um novo equilíbrio no menor prazo possível. A reorganização das contas deste momento para o futuro, deve ser elaborado com uma análise criteriosa de todas as informações colocando em prática algumas medidas apresentadas a seguir:

1) A família deve se reunir, analisar o diagnóstico atual e definir as prioridades para o próximo mês;

2) Em função das prioridades, adotar cortes em todos os gastos supérfluos/luxo e em tudo o que for possível nos gastos básicos;

3) Dentre as contas que podem ser reduzidas têm-se os transportes (combustíveis, passagens, aplicativos, restaurantes e lancherias, lazer (cinema, bares, shoppings);

4) Cuidado com as contas que pelo fato de estar em casa em homeoffice tendem a aumentar, como despesas de supermercado, energia, água e gás;

5) Cozinhar em casa, cortando os custos e evitando as facilidades dos serviços de delivery que têm seus custos. Este comportamento tem diversas vantagens além de sair mais barato também une a família, pode virar um hobby gerando prazer pessoal, união, motivação em produzir algo saboroso e, porquê não essa experiência poder se transformar em futura oportunidade de negócio?

6) Trabalhando em casa deve-se ter cuidado com anúncios e promoções que recebe via meios eletrônicos estimulando o consumo impulsivo/compulsivo;

7) Antes de qualquer compra ter consciência e controlar os impulsos consumistas – aplicando o filtro da economia apresentado nas aulas do Projeto de Extensão Educação Financeira Sustentável. Antes de qualquer gasto responder conscientemente as perguntas: a) eu quero?; b) eu posso?; e c) eu preciso? E só comprar se precisar;

8) Evitar formar estoques em casa comprando por “medo” o que não vai precisar;

9) Em caso de contratos procure ser “proativo” solicitando renegociação ou adiamento dos compromissos financeiros com os agentes credores, é o caso de escolas, aluguéis, financiamentos – alguns bancos já anteciparam esta possibilidade;

10) Os sonhos programados com objetivos financeiros podem esperar, como casa própria, carro novo e aquela viagem podem ser replanejados no futuro.

11) Este é o momento em que algumas contas/contratos podem ser “friamente” revisados, renegociadas ou eliminadas como: TV por assinatura, academia, planos de celular, tarifas bancárias, assinaturas de revistas e jornais (online/impressos) etc;

Um último ponto a destacar é a questão dos investimentos. Como mencionado no início desta matéria, a crise não poupou ninguém. Patrimônios sofreram desvalorização em função do grau de volatilidade de cada uma das alocações como bolsa de valores, fundos de investimentos e títulos públicos. Aqui também a educação financeira recomenda paciência e cautela. Se tens investimentos, não saia resgatando sem necessidade, apenas por medo. Presume-se que, caso existam, esses investimentos ou são reservas de emergência ou patrimônio de longo prazo. O pior já passou, no entanto, a expectativa é da permanência por algum tempo de volatilidade nos mercados. Como verifica-se nos históricos de crises passadas, o mercado vai se ajustar, paciência... faz parte... E para quem consumir a sua reserva de emergência a educação financeira sugere prioridade em sua recomposição, alocando seus recursos em títulos de baixa volatilidade e com liquidez, como Tesouro Direto-SELIC, fundos DI com baixas taxas de administração, CDBs (certificados de depósito bancário) com resgate diário.

42 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
Post: Blog2_Post
bottom of page